quarta-feira, 28 de abril de 2010

Nota da JPT-DF às filiadas e aos filiados do Partido dos Trabalhadores

A JPT-DF apresenta para o conjunto da militância do Partido dos Trabalhadores uma contribuição ao debate sobre as eleições 2010 e a política de alianças do PT!

O Distrito Federal vive um momento bastante difícil. Nossa cidade, que planejava celebrar seus 50 anos no último dia 21 de Abril, viveu com melancolia e indignação o maior esquema de corrupção já visto no Brasil ser desmascarado. O esquema mafioso chefiado por José Roberto Arruda (DEM) acontece no DF há mais de 10 anos desde a época que o chefe da quadrilha era Joaquim Roriz (PMDB).

Nós, petistas, somos oposição a este grupo desde o primeiro mandato de Roriz. Fazemos oposição não somente pela corrupção instalada no GDF. Fazemos oposição porque esse grupo não governa para melhorar a vida do povo, mas governa somente de acordo com os seus interesses pessoais e econômicos.

Infelizmente, vemos dentro do Partido dos Trabalhadores, filiados defendendo a participação do PT, no atual governo do DF, sem o menor critério. Precisamos pautar essa discussão, no entanto, no contexto que possibilitou a chegada ao poder da chapa formada por Rogério Rosso/Ivelise Longhi, fruto de acordos oportunistas e conveniências dos grupos dominantes da política local. A análise de alguns aspectos leva-nos à caracterização do atual governo com perfil similar aos dois governos anteriores. Dentre esses aspectos, podem ser citados: a trajetória política dos atuais governador e vice-governadora, com participações relevantes nos governos Roriz (ex-PMDB) e Arruda (ex-DEM); a composição do grupo que os elegeram, no qual se encontram todos os deputados distritais diretamente envolvidos no recente escândalo de corrupção da Caixa de Pandora; e as primeiras nomeações efetuadas pelo governo Rosso de representantes de pessoas envolvidas com esquemas espúrios de gestão pública.

Por tudo isso, nós da Juventude do PT-DF nos posicionamos contrários à participação do PT no atual governo do Distrito Federal. Desde a revelação do esquema de corrupção montado no governo Arruda, o PT se mostrou firme na exigência de uma apuração completa dos fatos e punição de todos os envolvidos. Não podemos transigir nesse momento e passar para a opinião pública a idéia de que apenas o poder nos interessa, independentemente das condições em que ele se dá. Uma postura adesista dessa natureza representaria para o PT um golpe fatal tanto na dimensão política quanto eleitoral, uma vez que importantes setores sociais do Distrito Federal referenciam-se no PT exatamente por este se colocar no campo oposto àquele representado pelos setores tradicionais, conservadores, grileiros e usurpadores de bens públicos. Assim, acreditamos que qualquer petista que venha a participar do governo Rosso, que o faça de maneira individual, e que passa sua desfiliação ou seja expulso do Partido.

O PT, ao contrário de ir para o governo, deve iniciar de imediato um movimento de oposição e mobilização dos(as) trabalhadores(as) no sentido de exigir ampla aplicação de políticas sociais que beneficiem toda a sociedade em especial os setores mais necessitados. Devemos, sim, empreender uma forte postura fiscalizadora e propositiva capaz de resgatar a esperança da população do Distrito Federal.

Quanto a uma eventual aliança eleitoral com o PMDB local nas eleições de Outubro, entendemos a importância da eleição nacional, a acirrada disputa dos projetos, o jogo pesado da direita e uma consequente necessidade de alianças mais amplas do PT dentro do campo democrático-popular. O Partido dos Trabalhadores nacionalmente já definiu esse escopo de alianças e nele se enquadra o PMDB. No DF, no entanto, em virtude de todo o histórico da disputa de projetos polarizadas pelo PT de um lado e do outro PMDB/PSDB/DEMO, propomos uma política de alianças centrada nos partidos de esquerda historicamente aliados e compromissados com nossas bandeiras para o DF. Nossa política de alianças tem que ser baseada numa pauta de discussão fundamentalmente programática. Que tenha identidade com políticas sociais em curso no governo Lula e tenham um projeto comum para o DF de desenvolvimento social com respeito ao meio ambiente, que valoriza os bens e os serviços públicos, que seja de fato democrático com participação popular e que coloque no centro das suas preocupações a população do Distrito Federal. É também necessário que essa política de alianças inclua compromissos com atitudes éticas e republicanas, com transparência de atitudes e sobretudo, sem vínculos com os recentes escândalos de corrupção.

Nesse sentido, fechar uma aliança com o PMDB hoje no Distrito Federal representa inúmeros retrocessos na nossa construção local, além de ignorar toda nossa trajetória de lutas identificada com os movimentos sociais e populares. Uma aliança com o PMDB significa estar ao lado de Tadeu Filipelli, representante dos grandes interesses empresariais que há décadas destroem nossa cidade. Significa estar ao lado de Pedro Passos, famoso pelos escândalos de grilagem de terra que ainda assolam o DF e em nada constroem nosso projeto de reforma agrária. Significa estar ao lado de Luis Estevão, Eurides Brito, Benício Tavares, Roney Nemer, todos historicamente envolvidos em esquemas de corrupção e desvio de dinheiro público. Na atual conjuntura uma aliança com o PMDB e todo o bando que o acompanha inviabiliza a posição do PT de alternativa de poder para o DF e que pode nos custar muito caro. Tanto do ponto de vista eleitoral, mas principalmente do ponto de vista político. É importante entender que o PMDB na nossa chapa tira votos do Partido dos Trabalhadores. Nossa base, identificada com os valores petistas não vão entender essa posição adesista e incoerente com as nossas bandeiras históricas no Distrito Federal. E como já anunciado em vários encontros zonais teremos muita dificuldade de ampliar nossos votos. Até porque os votos tradicionalmente do Roriz são do Roriz e não do PMDB. Além do que uma aliança com o PMDB meramente pragmática é admitir que o PT não consegue mais conquistar corações e mentes de uma sociedade que clama por mudanças e que sempre teve no PT a esperança de um Partido que constrói uma nova cultura política para o DF e para o Brasil.

O PT precisa apresentar para a sociedade brasiliense um projeto transformador que mude de fato a lógica da política clientelista do DF. Que expulse de uma vez por todas, todos esses coronéis que há muito saqueiam nossa cidade e viram as costas para as políticas sociais e para a população do DF. E esse projeto não passa por uma aliança com o PMDB.

Continuaremos acreditando que: Partido, Partido! É dos Trabalhadores! E das Trabalhadoras!!

JUVENTUDE PETISTA, DE ESQUERDA E SOCIALISTA!!


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