Servidores são recrutados a participar de manifestações pró-Arruda, diz funcionário
Manifestantes chegaram à Câmara em ônibus pagos com dinheiro público.
Servidor diz que funcionários são obrigados a aderir aos movimentos.
Do G1, com informações do DFTV
Servidor do Governo do Distrito Federal (GDF) denunciou nesta segunda-feira (11) que os funcionários do GDF estão sendo ameaçados de exoneração caso não participem de manifestações a favor do governador José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM).
Manifestantes pró-Arruda chegaram nesta segunda à Câmara Legislativa em caminhões e ônibus pagos com o dinheiro público. “Eu vim reivindicar minha moradia. Só isso e pronto”, disse uma senhora dando gargalhadas.
O escândalo do mensalão do DEM de Brasília começou no dia 27 de novembro, quando a Polícia Federal deflagrou a operação Caixa de Pandora. No inquérito, o governador José Roberto Arruda é apontado como o comandante de um esquema de distribuição de propina a deputados distritais e aliados.
Em um dos ônibus, o líder do movimento pediu para que os manifestantes impeçam a gravação da equipe reportagem. E logo veio a ordem: "Ninguém pode dar entrevista. Sem entrevista".
O servidor que fez as denúncias diz que os funcionários são forçados a participar dos movimentos. “Se não forem, no dia seguinte estarão exonerados. E tem muitos pais de família que vive do salário. Então, eles são forçados a ir e participar desses movimentos. A única forma que eles têm de pressionar é ameaçar de exoneração.”
O funcionário afirma que a ordem de enviar manifestantes pró-Arruda parte de instâncias superiores do GDF. Ele também diz que a maioria dos servidores participa dos atos contra a vontade.
“Ele recebe ordem superior, de alguns supostos ‘padrinhos’ das administrações regionais. Mas a primeira informação é passada por ele. A informação do administrador é passada para o grupo de chefes dos líderes das manifestações. E esses líderes se encarregam de repassar as informações e fazer as ameaças. ‘Olha, você está convocado. Se não for, está exonerado’. A reação dos funcionários, de boa parte deles, de 70%, é de indignação total. Todos estão indignados, porque são forçados a fazer uma coisa que não querem”, revela.
Além disso, os manifestantes são orientados a provocar brigas. “O administrador, ou os administradores, orientam o seguinte: ‘vocês vão provocar brigas e não vão bater em ninguém. Vão provocar as brigas e, se possível, apanhar. Dinheiro a gente tem pra pagar médico’”, acrescenta o servidor.
A manhã foi marcada por tumultos. De acordo com estudantes da Universidade de Brasília, manifestantes a favor de José Roberto Arruda quebraram um caixão e um boneco que simbolizava o governador do DF.
“Alguns manifestantes, contratados pelo próprio Arruda, só pra provocar, quebraram o nosso caixão e passaram acordando todo mundo que estava dormindo”, conta o professor Gabriel Magno.
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